O Professor Carlos Thomás vem dado ao longo dos ultimos 5 anos uma contribuição muito importante as causas LGBT e Afrodescendente em Pernambuco, seus textos nos leva a enxergar de outro angulo uma realidade que está de pano de fundo de muitas manifestações de preconceito e racismo:
Marcha para Jesus ou para matar?
A Marcha para Jesus nasceu em Londres, no ano de 1987, fundada pelo pastor Roger Forster, após a primeira outras tantas já aconteceram e vem acontecendo, inclusive aqui no Brasil, como foi o caso da 19ª ocorrida em São Paulo que atraiu aproximadamente 1 milhão de pessoas de vários credos cristãos.
Dentre os objetivos da Marcha está o de trazer as igrejas para a rua, porém a de São Paulo não teve só esse objetivo, pois entre outros estava o de pregar o ódio aos homossexuais, a crítica à decisão do STF do direito à união estável entre pessoas do mesmo sexo e o veto ao PL 122. Tudo isso promovido pelos lideres evangélicos, ou melhor, pseudo-evangélicos como Bispo Crivella, Pastor Malafaia e certamente com o aval do deputado Bolsonaro.
De acordo com meus cálculos se cada 1 pessoa da Marcha para Jesus incitada pelo discurso desses senhores resolvesse aderir à fala deles, teríamos 1 homossexual morto à pauladas, “lampadadas”, facadas ou tiros, resultando, assim , aproximadamente 1 milhão de homossexuais mortos. Tudo isso pelo simples fato do ódio pregado “em nome de Jesus”, justamente em nome do homem que foi crucificado e morto por ser oposição à opressão, às injustiças, às discriminações e à falta de amor ao próximo.
Uma contradição desses líderes à própria ideologia da doutrina do Cristo verdadeiro. O Brasil vive atualmente uma efervescência do Cristianismo com força maior no Protestantismo, isso tem atraído muita gente para as religiões evangélicas, o que deveria ser “uma bênção” (expressão usada pelos cristãos para se referir a coisas boas), mas que do meu ponto de vista não tem sido, isso porque as pregações e os discursos usados por alguns “servos do Senhor”, estão carregados de ódio, machismos, racismos, intolerâncias e homofobia; colocando em risco a paz e o amor tão pregados pelo nosso senhor Jesus Cristo, desse modo estão abandonando o verdadeiro Cristianismo que versa sobre o amor incondicional (ver episódio de Madalena e o apedrejamento assim como o do espinho da carne de Paulo), sobre o amor altruísta, sobre a caridade, e em oposição a isso reforçam violência.
Na Marcha para Jesus em São Paulo os líderes religiosos Malafaia e Crivella incitavam com seus discursos o povo à violência aos homossexuais, e quando se trata de povo, deve-se ter cuidado como se faz oposição a qualquer assunto, pois as conseqüências podem ser danosas.
O Cristianismo aqui no Brasil precisa ser repensado, re-avaliado, pois se isso não ocorrer, em pouco tempo seremos testemunhas de chacinas a homossexuais, a usuários de maconha, a povos de Religião de Matrizes Africana e Indígena e a toda pessoa que não comungue do mesmo pensamento pseudo-cristão, e tudo isso ocorrerá “em nome de Deus”, o que é um grande equivoco, pois o verdadeiro Cristo Jesus não é e nunca foi racista, homofóbico, machista e intolerante. Muita paz, muito axé.
Prof. Carlos Tomaz - carlinhostomaz@hotmail.com
Coordenação de formação da REDE AFRO LGBT
Ativista do MNU-PE
Membro do Forum Estadual de Educação Etnicorracial de PE.
Prof. Carlos Tomaz - carlinhostomaz@hotmail.com
Coordenação de formação da REDE AFRO LGBT
Ativista do MNU-PE
Membro do Forum Estadual de Educação Etnicorracial de PE.