sexta-feira, 22 de abril de 2011

Carta de apoio integral à Festa da Lavadeira - Quilombo Cultural Malunguinho.




Festa da Lavadeira, raiz que vem do mar!

O maior evento/festa de cultura popular, tradicional e de terreiro de nosso Estado é sem duvida a Festa da Lavadeira.

Nesta poderosa reunião de diversos segmentos da cultura brasileira surge o Axé do Orixá Iyemojá como o agregador de todas as cores, etnias, pensamentos, lutas, amores e transcendências. Percebe-se que o Axé deste Orixá quebra barreiras e reorganiza todo um povo que historicamente foi apartado e ceifado de sua cidadania plena e de seu direito de colocar-se no cenário cultural, como atrações e manifestações de valor estético plausível. Este recalque chama-se racismo histórico, intolerância e pré-conceito de uma sociedade embranquecida pelos fatos e planos históricos que conhecemos bem.


Mestre Galo Preto cantando para um público de mais de 10 mil pessoas. Foto de Mariana Lima.

Em Pernambuco a cultura popular e tradicional é mantida pelo povo negro e índio. Que com orgulho mantém viva a chama da originalidade única que só o Brasil possui. Portanto, podemos desde já perceber que as teorias gilberto-freyianas que instituíram a partir da academia em nós o pensamento de “democracia racial” nunca existiu e se vir a se tornar realidade, deverá se chamar “democracia étnico social”, visto que o conceito de raça perdeu sua legitimidade frente aos estudos culturalistas realizados pela academia.



A idéia de transformar um terreiro de candomblé em um ponto que emana agregação entre povos do mundo é o confronto com a antiga idéia de que no período do escravismo brasileiro era plano para destruir estes povos negros que, aqui em nossas terras, foram submetidos a um processo de separação familiar, étnica e cultural. A Festa faz o caminho inverso, agrega, chama pra junto, reafirma amizades, congrega os povos. Isso é muito forte e revolucionário, porque disso emana a esperança de uma nova era para o povo que tem no sangue e na pele o registro da riqueza ancestral da cultura. A Lavadeira é instrumento dos Orixás, Mestres, Mestras, Caboclos, Exús e Trunqueiros, no resgate do que no passado foi vilipendiado pelo sistema de dominação dos povos da Europa, e por isso merece respeito de toda sociedade, que ainda não reparou os danos históricos que a grande maioria deste país sofreu. A Lavadeira também é reparação!


Gira de Candomblé para Iyemojá dentro do Terreiro da Lavadeira. Foto de João Monteiro

Não percebemos a Festa como território do “sagrado” e do “profano”. Vai muito além disso. Nela, tem a própria transcendência da polissemia sagrado e não sagrado, profano e não profano. A Festa é o território da experiência da transcendência completa das linguagens, onde as pessoas vão para reverenciar a vida em sua totalidade, a vida que veio da água, a vida que está na natureza e em tudo, quase uma concepção deísta de mundo, coisa rara hoje no nosso universo, que ainda insiste em separar o sagrado do compreendido como não sagrado, na Festa, é mais...

Iyemonjá a grande homenageada reina absoluta como a grande iyá dúdú ti ara ayé (Mãe negra do povo da terra), que com seu Odú verdadeiro de Mãe abre os braços para mais de 20 mil pessoas de diversas tribos, diversos segmentos, diversos pensamentos, diversos gostos, abre os braços para a diversidade cultural enfim.


Público na Festa.Foto de João Monteiro

Como o Estado pernambucano e os empresários não enxergam isso? Por que acabar com essa Festa? Isso logo nos remete ao pensamento do período colonial, onde o negro e o índio não podiam tocar seu tambor, fazer seus rituais, viver em liberdade... Liberdade essa que com as atitudes tomadas no espaço o Paiva, onde acontece a Festa, se apresentam de forma assustadora, com uma suposta “privatização da praia”, dos espaços legalmente públicos, como atesta nossa constituição sobre o uso público das praias. públicos... Nossa, onde estamos, na colônia de novo?

Isso tudo é muito perigoso. Esta situação ressuscita os fantasmas do passado, do tempo que o poder dos ricos e da Igreja imperava sobre os “sem espírito” nas terras de “ninguém”. Absurdo em todos os âmbitos, não há argumentos que justifiquem o processo para destruir esse evento, a não ser o racismo, coisa que infelizmente compões nossa sociedade e que aflora todos os dias. Muitas vezes tal racismo toma proporções tão grandes que somente os olhos azuis podem enxergar com naturalidade, pois no passados de seus ancestrais isso tudo era natural, matar, acabar, destituir a liberdade, ceifar a alma sem pena...

Sabemos que nos discursos mais recentes, os gestores públicos alardeiam sobre a implementação de políticas públicas para Promoção da Igualdade Étnico “Racial”, portanto, onde estão os órgãos que eram pra intervir neste caso? Na verdade, não existem em Pernambuco de fato, pois sequer uma secretaria foi pensada no plano de governo atual. Isso também revela a face do nosso Estado.

Mas não se iludam, Iyemonjá Ogunté (àquela que possui Ògún) protege Eduardo Melo, o idealizador da Festa da Lavadeira. Ele sempre foi instrumento desta divindade. Esperamos e confiamos que a justiça se coloque contra o racismo, a exclusão, a arbitrariedade, e também contra a repetição da história dos poderosos que massacraram e massacram os “miseráveis”.

As raízes vêm do mar... 25 anos de tradição é a afirmação de que a cultura popular junta tem força, assim seguiremos.

Malunguinho está de ronda na Jurema, nas fronteiras com seus Estrepes!

Salve o povo e a cultura que é nossa. Fé e irmandade!



Olinda/Recife 22 de Abril de 2011




Alexandre L’Omi L’Odò

Pesquisador, Produtor Cultural, Músico, Sacerdote Iyawò e Juremeiro.




João Monteiro

Historiador, Especialista em Preservação de Patrimônio, Sacerdote Iyawò e Juremeiro.



QCM.

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Visitem o site da Lavadeira: www.festadalavadeira.blogspot.com




quarta-feira, 20 de abril de 2011

Semana Santa mais uma vez!

Nossa Senhora da Soledade. Representação imagética da tristeza pela perca de um filho.

Mesmo diante de tanta chuva, mais uma vez a semana vira “santa”, observa-se da mais simples e imperceptível a mais extravagante experiência de fé. Tem casa que se é proibido ligar o aparelho de som (mesmo baixo), pregar pregos na parede, usar roupas coloridas e falar em voz alta, o jejum de carne começou desde a quarta feira ingrata, principalmente as sextas-feiras, mais o ápice da semana começou com a procissão dos Ramos no domingo passado, a tradição já não resiste as inovações do século XXI, daí as ritualísticas recomeçam nesta quinta com a Missa dos santos óleos na Catedral da Sé em Olinda na qual os Sacerdotes renovam suas ligações místicas, religiosas e principalmente de Fé com a Igreja Católica, uma bela celebração, pela tarde tem a festejada celebração da instituição da Eucaristia é o ponto mais alto de todos os rituais da Igreja. Na noite de quinta pra sexta se remonta a prisão de Jesus e pela tarde de Sexta o grande mistério da Morte de Jesus é dramatizado pela Via Sacra, um momento de grande reflexão, as badaladas dos sinos dão lugar as pancadas da matraca até que no sábado por volta da meia noite, dentro da tradição, se tem a vigília Pascal outro grande momento, onde o fogo e a água se revelam na mística religiosa católica e enfim Domingo de Páscoa, celebração da Ressurreição.

Na verdade todo esse panorama vem sendo construído ao longo destes quase 2.000 anos, e mesmo com as deficiências arqueológicas, historiográficas e históricas em torno de Jesus, ele e sua Mãe Maria se tornaram referencial de fé, mesmo diante das experiências mais antagônicas possíveis, como é o caso das Religiões de Matriz Africana, Afro brasileira e Indígenas. Diante da marginalização estas Religiões Negras e Indígenas incorporaram em suas ritualísticas momentos de reverenciação à Semana Santa, O Candomblé ou Xangô pernambucano encerra, na sexta feira anterior, cobre-se todos os Igbás (assentamentos sagrados) dos Orixás com um pano branco e oferta comida seca e seca as quartinhas, no sábado de aleluia se enche as quartinhas novamente e pacientemente, em alguns Terreiros como a exemplo da Casa Xambá em Olinda, existe uma liturgia peculiar chamado “ritual das bolsas” realizada na semana anterior, um grande e poderoso ebó do Xambá e todos se resguardam do Orixá até no sábado de Aleluia, quando pela manhã é realizado um toque chamando os Orixás.

No caso da Jurema Sagrada, em muitas Casas o quarto dedicado a esse culto permanece fechado durante todo tempo “santo” e cobre-se os príncipes e as cidades da Jurema (taças e copos de vidro ou cristal) com “matapulão”, um tipo de filó e no domingo de Páscoa se dava um Toré para os Caboclos da Jurema.

Alguns rituais, heranças dos cultos pagãos europeus encontrão na sexta feira “santa” o momento especial para a realização de feitiços, na noite da quinta pra sexta é o dia certo para fazer encantarias.

Além de tudo os brincantes de Clube de Frevo, Blocos e troças carnavalescas viam no sábado de aleluia mais um momento para festejar, como no caso do Clube Carnavalesco Mixto Lavadeiras de Areias que até pouco tempo desfilava pelas ruas do bairro neste dia após “encontrar à Aleluia”.

Tudo isso é simbiose cultural, provocada pela repressão a estas Religiões brasileiras, portanto, seria uma prova de respeito ao cristianismo esses rituais dentro dos Terreiros? Ao contrário dos cristãos nunca tiveram respeito as religiões de Matriz Africana e Indígena, contudo a áurea mística da Semana “Santa” perde a cada ano seu tom religioso, histórico e cultural judaico-cristão, além de teológico pois hoje já temos centenas de Terreiros e Casas de Xangô que se aperceberam de sua identidade Histórica, Cultural e acima de tudo Teológica, chegaremos lá.

Informar e formar é preciso sempre e com qualidade!

João Monteiro – Omo Obá Aduban
Coordenação do QCM
Historiador, Especialista em Preservação de Acervos Gráficos

sábado, 2 de abril de 2011

"Os demônios que vem do Norte"!

A Declaração sobre eliminação de todas as formas de intolerância e discriminação com base em Religião ou Crença, proclamada pela resolução 36/55 da Assembléia Geral da ONU em 25 de novembro de 1981, " Considerou que um dos princípios básicos da Carta das Nações Unidas é o da dignidade e igualdade inerentes a todos os seres humanos e todos os Estados Membros se comprometeram, juntamente com a Organização, a tomar ações conjuntas e separadas de cooperação, no sentido de promover e estimular o respeito e o cumprimento universal aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, idioma ou religião. Considerando que a Declaração Universal dos Direitos Humanos e os Convênios Internacionais e Direitos Humanos proclamam os princípios da não discriminação e da igualdade perante a lei, bem como o direito à liberdade de pensamento, consciência, religião e crença".

No entanto os Estados Unidos dão mais uma vez mal exemplo ao mundo, através do Pastor Terry Jones que queimou um exemplar do Alcorão, Livro Sagrado dos Mulçumanos, o infeliz assegura que não se sente responsável pelo reboliço que causou nos paises Islâmicos que já nutrem ódio pelos ocidentais, principalmente os cristãos, sejam católicos ou protestantes.

Esperamos que o Brasil saiba a tempo conter os ânimos dos pastores evangelicos que a cada dia se especializam em provocar ódio e ações desagregadoras em nossa sociedade.

Os seguidores das Religiões de Matriz africana, afro-brasileira e indigena vem sofrendo esses constrangimentos constantemente, seja pela tão esperada e prometida, implantação de politicas públicas pelo estado ou pela falta de articulação politica dos seguidores do camdomblé, Umbanda e Jurema ou ainda pelo despreparo teológico da maioria absoluta dos Pastores evangélicos que vivem a instigar preconceito e discriminação, ficando claro o "desrespeito e a violação dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e particularmente, do direito à liberdade de pensamento, consciência e religião".

A noção de Unidade na Diversidade já trabalhada pelas Religiões Africanas e afro-braliseira em Recife no inicio da decada de 1980, poderia começar a ser refletida pela comunidade evangélica. A Biblia Sagrada não pode ser instrumento de fomento de òdio entre os povos, pois isso dimui a sacralidade deste livro.

Deus, Olodumaré ou Yahveh está de olho, ele é Obá adákédájó, o Rei que senta em silêncio e aplica a justiça!


João Monteiro - Omo Xangô Aduban, Juremeiro

Coordenação do Quilombo Cultural Malunguinho

Historiador, Especialista em Preservação de Acervos


Quilombo Cultural Malunguinho no encontro de Caboclinhos de Goiana - defesa da Jurema.


No dia 30 de Março de 2011, na cidade de Goiana - PE, foi realizado pela Associação Carnavalesca Dos Caboclinhos e Índios de Pernambuco o seminário PRIMEIRA ASSEMBLÉIA INDIGENA DE NOSSA HISTÓRIA, OCORRIDA EM GOIANA, EM 30 DE MARÇO DE 1645.

O evento foi muito inspirador, e eu e Sandro de Jucá, tivemos a oportunidade de nos colocarmos em relação ao que as agremiações carnavalescas de Caboclinhos e Índios poderiam fazer para fortalecer a Jurema Sagrada no nosso Estado. Como os caboclinhos são dentre outras manifestações do carnaval e cultura de Pernambuco, ligados diretamente com o culto da Jurema Sagrada, incitamos o levante desta consciência, e que a partir desta todas e todos pudessem se manifestar como juremeiros e juremeiras, colocando também a discussão religiosa dentre suas lutas. As propostas foram muito bem aceitas pela Associação e platéia, que ao final, articulamos futuras articulações entre a Associação e o Quilombo Cultural Malunguinho.

Vejam o vídeo com nossas falas.

Salve a Jurema Sagrada!

Alexandre L'Omi L'Odò - Coordenador Quilombo Cultural Malunguinho.

Xangô, inegável marca de nossa gente!

Foto de Aluísio Moreira

Xangô, inegável marca de nossa gente!

Os cultos de matrizes africanas em Pernambuco têm seu primeiro registro oficial de 10 de junho 1780, onde o Conde de Pavoline, governador da Província pede sugestões ao Rei de Portugal de como combater essas manifestações dos “Pretos da Costa”. Esta era uma das preocupações dos governantes, já que nosso estado era um dos grandes importadores de mão de obra e tecnologia negra, o que veio colaborar para que o Brasil tenha hoje um dos maiores contingentes de negros e negras do mundo (sendo Recife a terceira capital do país), ficando atrás da Nigéria, país que com sua cultura e tradição também deixou marcas profundas em nossa identidade social, cultural e religiosa, sobre tudo no culto Nagô, ou Nagô Egbá, chamado e conhecido também como “Xangô pernambucano”.

A religião Yorubana uma das mais antigas do mundo, tem sua cosmovisão centrada na dinâmica do àsè – a força vital, elemento responsável pela existência e toda sua dinâmica, regida e controlada por Esú, Òrìsà primogênito, criação do próprio Olórùn, o Deus supremo yorùbá.

Em Pernambuco, estas religiões africanas começaram a se organizar enquanto Terreiros provavelmente na segunda metade do século XIX, tendo em Sàngó uma divindade de grande devoção e prática litúrgica. Oba Ogodò (Rei Ogodò, àquele que quebra o pilão, um dos nomes de Sàngó em Pernambuco) foi um dos primeiros a serem cultuados. Foi trazido da Nigéria pelos antepassados de Vivina Rodrigues Braga – Iyá Iná (mãe/senhora do fogo), conhecida como Tia Sinhá, que nasceu em Recife em 17 de dezembro de 1874, com sua família veio também o culto aos antepassados que juntamente com Ignês Joaquina da Costa – Ifátinuké, fundadora do mais antigo Terreiro em funcionamento do Recife, o Ilé Iyemonjá Ògúnté, mais conhecido como Sítio de Pai Adão, na Estrada Velha de Água Fria, estabeleceram as bases do culto denominado “Xangô Pernambucano”, com contribuição de renomados sacerdotes como Rodolfo Martins de Andrade- Bángbósè Obitikó (Bamboxê- àquele que carrega/segura o machado duplo de Sàngó o Oxê), Martiniano Eliseu do Bonfim- Ojé L’adé (figurativamente: o [Ojé- sacerdote do culto Égúngún] coroado, ou da coroa real) entre outros.

Imbrincado com a identidade do conceito de justiça, Sàngó fortaleceu mais ainda o culto negro pernambucano, já que ele é o ancestral divinizado pelos seus méritos e conquistas a favor de seu povo. A vaidade, o poder, a força masculina, o princípio da organização político-social e belicosa, justiça e a voracidade amorosa/sexual, compõem algumas de suas principais características, somatizando em seus filhos também parte fundamental de sua personalidade. Seus elementos são o fogo, o trovão e o raio, suas cores votivas são o vermelho e o branco e sua comida ritual predileta é o àmàlà (quiabada com rabada, azeite de dendê e outros condimentos). Suas datas comemorativas são o dia 6 de Reis em janeiro e o período do São João, em junho, especialmente no dia 24 dedicado ao Santo católico.

Devido ao longo processo de discriminação, inculturação e repressão estabelecidos pelas religiões judaico-cristãs e apoiadas pelo Estado conservador racista, o sincretismo foi necessário à sobrevivência desta cultura ancestral. O culto à São João Batista já carregado de elementos pagãos impostos pelo catolicismo popular, como por exemplo a fogueira junina que veio a ser um álibi perfeito para a difusão do culto de Sàngó, que também “é” sincretizado com São João Batista além de São Jerônimo e São Pedro. Um desses importantes momentos é a tradicional procissão do Acorda Povo que acontece anualmente na madrugada do dia 23/06. Hoje no bairro de Areias (RPA 5.2) se mantém a mais de 70 anos, um dos mais antigos de Recife, criado por Adalgisa Marques de Almeida, filha de Sàngó, nascida em 1899, sacerdotisa assídua da Casa das Tias do Pátio do Terço e do Sitio de Pai Adão.

A construção de políticas públicas direcionadas as religiões de matrizes africanas e afro indígenas, vem respeitando a diferença dos povos, culturas, gêneros e buscando a equidade socioeconômica e uma maior inclusão social dos afros descendentes e indígenas, afim de reparar todos os danos causados com a criminalização e marginalização da cultura e do negro brasileiro.

E para entendermos o mundo a partir de referenciais próprios de nossa ancestralidade afrodescendente, temos em Sàngó o elemento apropriado para discutirmos e inspirarmo-nos em seus feitos mítico-históricos e todo seu axé de justiça pela libertação de nosso povo, liberdade esta que ainda é um bem por vir.

Os Yorùbás nos deixaram esse forte legado. Hoje, Ele é um patrimônio de Recife e do estado de Pernambuco. O Culto a Sàngó (Xangô) que empresta seu nome aos rituais gerais de Matriz Africana em nosso Estado é um forte reconhecimento a esta inegável marca da nossa gente.

Kíní ba, kíní ba, àrá won pè – (Poderoso Senhor que racha o pilão e oculta-se)
Kíní ba, o sérée alado àwúre – (Que impõe os raios e os chama de volta, abençoe-nos).

Kawó-Kabiyèsílé – (Venha ver o Rei descer sobre a terra) – Sua saudação em todos os terreiros do Brasil!

João Monteiro - Omo Sangó Aduban, Juremeiro
Historiador, especialista em Preservação de Acervos

Alexandre L'Omi L'Odò - Omo Osún e Juremeiro
Graduando em História, pesquisador, produtor e gestor cultural