terça-feira, 23 de outubro de 2018

Quilombo Cultural Malunguinho repudia candidatura de Bolsonaro


O Quilombo Cultural Malunguinho repudia a candidatura de Bolsonaro! Vamos dizer sim juntos à Haddad 13!

É hora de darmos um basta ao crescimento do racismo e da intolerância. Nada justifica um voto no ódio. Temos que cuidar do futuro de nosso Povo, portanto, Ver um(a) membro de nossas tradições apoiando o lado que quer destruir-nos, deve ser motivo imediato para um diálogo crítico para a mudança dessa postura equivocada de nossos irmão(ãs).

Vamos lutar juntxs contra todo o mal que quer assolar o Brasil. Nós votamos em Haddar 13 com total confiança e criticidade, para dar uma esperança à este país que necessita de amor, não de armas, tortura, homofobia, racismo, intolerância e militarismo.

Vem com a gente, não tenha vergonha de mudar seu voto. Vamos dar a vitória ao melhor representante nesse pleito presidencial. O Povo de Terreiro está com Haddad, vem com a gente na força do axé para darmos esperança ao Brasil!

Toda fumaça para atrair boas energias para o lado do bem, nessa luta política. Sobô Nirê Mafá e Kolofé!

#Haddad #h13 #QuilomboCulturalMalunguinho #PovodeTerreirocomHaddad #AlexandreLomi2020

#EleNão #NãoaoRacismo #NãoàTortura #NãoàBolsonaro

Visite nosso site: www.qcmalunguinho.blogspot.com

Alexandre L'Omi L'Odò
Coordenador Geral do QCM - Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Semana Estadual da Vivência e Prática da Cultura Afro Pernambucana - Malunguinho na Escola


SEMANA ESTADUAL DA VIVÊNCIA E PRÁTICA DA CULTURA AFRO-PERNAMBUCANA 2018
LEI MALUNGUINHO - Lei 13.298/07

EREM MARIANO TEIXEIRA
Av. Capitão Felipe Ferreira, s/n, Vila Cardeal Silva, Areias

FONE: 31802745


PROGRAMAÇÃO

LOCAL: Biblioteca Clarice Lispector
HORÁRIO: 8h20 às 12h

DIA 14/09 (sexta feira)
8h20: Abertura
8h25: Lei Estadual 13298/07 (Lei Malunguinho); aluno do 3º ano D
8h35: Quilombo de Catucá e Malunguinho; Professora Andrea Medeiros e alunos do 3º ano B
8h55: Economia nos quilombos de Pernambuco; Professor Fabiano Santos e alunas do 2º ano E
9h15: Releitura: Coleção Velhas histórias, novas leituras de Inaldete Pinheiro de Andrade; com alunos do 2º ano B, 2º ano D e 3º ano D
9h30: Mestra Ana Lúcia do Coco e Raízes do Coco Bendengó;
Com aluna do 2º ano B
10h: Intervalo
10h25: Bojo da Macaíba, coco de roda de Pontezinha – PE;
Com alunos do 2º ano E
10h35: Caboclinhos Carajás do Recife; aluno do 2º ano A
10h45: Bacamarteiros Mandacaru; aluna do 3º ano A
11h: Grupo Bongar; aluna do 2º ano E
11h25: Maracatu Nação do Reis Malunguinho; Professora Célia Cabral
11h40: Considerações finais
(convidados, professores, coordenação e direção)



CONTAMOS COM A SUA PRESENÇA!!!

Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

sábado, 28 de julho de 2018

XIII Kipupa Malunguinho - Coco na Mata do Catucá 2018


XIII Kipupa Malunguinho – Coco na Mata do Catucá 2018

Com realização do QCM – Quilombo Cultural Malunguinho, e Casa das Matas do Reis Malunguinho, incentivo do FUNCULTURA – Fundo Estadual de Cultura de Pernambuco e apoio essencial da Prefeitura de Abreu e Lima, entre outros parceiros e parceiras, eis que as matas sagradas da Jurema, no Quilombo do Catucá, abrem-se mais uma vez pra receber seu povo no Festival XIII Kipupa Malunguinho – Coco na Mata do Catucá.

No dia 23 de Setembro de 2018, de 09 às 18h, em sua décima terceira edição, o maior encontro de juremeiros e juremeiras do Brasil, trará uma programação rica e diversa de religiosidade de matriz indígena e africana, com muitas novidades, além de seu caloroso grito por união, luta contra o racismo e intolerância religiosa.

Entre suas atividades:

1.    Teremos o tradicional ritual coletivo às entidades e divindades das matas, que a cada ano concedem muitas graças na vida de quem com fé, vai fazer suas oferendas e firmações conosco.
2.    2° Feira Preta - Malunguinho da Economia Solidária, que reunirá barracas com membros do povo de terreiro, que venderão artigos religiosos e artesanatos, instrumentos, livros, etc. Relacionados à Jurema e ao povo de terreiro e cultura tradicional em geral;
3.    2° Kipupinha, com atividades educacionais, organizadas pelo Ilé Orisanlá Talabí, com a presença da especial educadora Ebome Vanda Machado de Salvador/BA, que fará uma linda contação de histórias. Ainda, será montado um mini parque de diversão e será distribuído o tradicional “Cosme e Damião”, afinal, o Kipupa será do dia dedicado às crianças, dentro da tradição de matriz afro indígena;  
4.    Etapa Educativa do Kipupa – Serão realizadas três palestras de formação para alunos e alunas de escolas públicas e interessados com trilha ecológica na mata sagrada do Catucá. Esta atividade, será realizada por três diferentes palestrantes de renome, como Prof. Dr. Marcus Carvalho (UFPE), Profa. Célia Cabral (Célia Malunguinho), e um dos fundadores do evento, Prof. João Monteiro. Essa atividade, será realizada nos dias 17, 18 e 19 de Setembro, como parte da Semana Estadual da Vivência e Prática da Cultura Afro Pernambucana, Lei Malunguinho 13.298/07. Inscrições gratuitas pelo fone 81 99973-7826 e pelo e-mail: quilombo.cultural.malunguinho@gmail.com
5.    São realizados quatro shows de alto nível, todos de grupos e artistas da cultura popular, com grandes mestres e mestras do coco e da mazurca, como Grupo Bongar, Pandeiro do Mestre, Bojo da Macaíba e Mestra Ana Lucia do Coco.
6.    Serão realizados três cortejos no chão, pelo Grupo de Bacamarteiros Mandacaru, que abrirão o evento com a saraivada de tiros, comemorativos aos 183 anos de Malunguinho na Jurema. O Caboclinho Carijós do Recife, que dará as boas vindas com seu terno de caboclo para o público, e o Maracatu Nação do Reis Malunguinho, que realizará sua primeira apresentação pública.
7.    Será apresentado pela primeira vez ao público, o Calunga Gigante de Malunguinho, que será batizado e consagrado na força da Ciência no Kipupa. O Grande bonequeiro de Olinda, Sílvio Botelho, é quem irá nos presentear com essa grande homenagem ao Reis das Matas. O Calunga gigante, comporá o panteão dos bonecos gigantes de Olinda, sendo parte fundamental do Carnaval 2019, puxando a primeira saída do Bloco dos Catimbozeiros.

O Kipupa é o lugar das possibilidades espirituais. Lá, quem busca respostas, pode esbarrar em uma entidade que lhe revele os caminhos da vida... Lá, também, remédios podem lhe ser dados para a cura de todos os tipos. Nas matas sagradas, quem desejar sentir a força verdadeira das raízes da Jurema, vá com o coração limpo para receber a graça da força da natureza em sua mais pura essência. Pisar no chão, sentir o cheiro da fumaça da Jurema, beber seu sagrado vinho, sentir os tambores bater e vibrar na pisada do coco com todo povo de terreiro que se faz massiçamente presente, é uma chance de aprender e trocar saberes.  A espiritualidade Encantada, abraça todas e todos que a procuram, e no maior encontro de juremeiros e juremeiras do país, o que mais estará presente é a beleza dessa força milagrosa que transforma vidas.

Venha celebrar conosco a força da memória do Reis Malunguinho na Jurema Sagrada. O Nosso herói negro/índio pernambucano que com sua ciência mestra nos ensina a lutar juntos por união e amor entre os povos. O Kipupa é união, é coletividade e respeito, é resistência do Povo da Jurema. Vem kipupar!

Atrações artísticas:

Cortejos:

09h - Bacamarteiros Mandacaru
09:30h - Caboclinhos Carijós do Recife
10h - Maracatu Nação do Reis Malunguinho

Shows

12:30h - Mestra Ana Lúcia do Coco
13:30 - Bojo da Macaíba
15h - Pandeiro do Mestre
16h - Grupo Bongar

Homenageados do Prêmio “Mourão Que Não Bambeia”:

Mãe Jane de Egunitá
Pai Ivanildo de Oxóssi
Mãe Maria da Oxum (Goiana/PE)
Pai Hermes de Oxum

Informações gerais sobre o evento (leiam tudo para não terem dúvidas):

Evento gratuito. Para quem não vai em caravanas ou de carro, disponibilizamos ônibus que saem às 07h da manhã do Pátio do Carmo em Recife e do Nascedouro de Peixinhos, valos R$: 30 reais, que podem ser adquiridos no Mercado de São José, no box de Eliane. Ou, comprar nas mãos dos coordenadores. Os terreiro e grupos podem organizar suas caravanas individualmente.

ORIENTAÇÃO PARA OS MOTORITAS E AS MOTORISTAS: Quem vai de CARRO, KOMBI, VAN, ETC. A entrada é pela rua Capitão José Primo, tendo como ponto de referência o Terminal dos Kombeiros, na entrada de Caetés, no centro de Abreu e Lima. Todo o caminho estará sinalizado com banners nos postes e paredes. É só ficar atento, não há como se perder. Do centro de Abreu e Lima ao local do evento, que acontece no Sítio de Juarez Pé no Chão, são 11km de estrada de barro, que estará completamente plana, sem buracos e sem riscos.

ÔNIBUS DE ACESSO AO EVENTO: Cada terreiro organiza o seu transporte, vindo em caravana. Para quem não pertence a nenhum terreiro, pessoas organizarão ônibus individuais para atender o público que se interessa – entrar em contato no fone (81) 99973-7626, falar com Anne Cleide.

Os juremeiros e juremeiras devem ir com roupa tradicional da Jurema, homens de calça, camisa e chapéu. As mulheres de saias coloridas, torso ou chapéu. Levem seus cachimbos, maracás, ilús, pandeiros e todos os objetos que acharem necessário. Os ogans podem levar seus ilús. Vamos fazer uma festa bonita com o colorido tradicional da Jurema. Vamos manter vivas nossa raízes, a começar pelas roupas que são nossa identidade.

Quem desejar levar oferendas para Malunguinho fiquem a vontade, desde que sejam oferendas perecíveis, pois cuidamos muito da Mata Sagrada e não admitimos poluição no local. Portanto, confeitos, balas e doces: tirar das embalagens de plástico. Bebidas só o líquido é permitido oferecer (as garrafas recolher), Alguidares serão recolhidos após os atos de oferenda, Cigarro, é proibido deixar as piolas no chão. Animais não serão imolados no local. Favor respeitar todas estas regras do culto.

É PROIBIDO ACENDER VELAS DENTRO DA MATA. No altar de Malunguinho haverá local para firmarem seus pontos de luz.

O Kipupa é um evento cultural e religioso, e por estes motivos, quem não for da religião, favor não tirar camisa no local, não usar drogas, não entrar na mata para outros fins que não sejam louvar Malunguinho e a Jurema Sagrada. Estaremos atentos com vigilantes no local para manter o respeito à tradição da Jurema.

O Kipupa não é um “piquenique na mata”, portanto, não fiquem bêbados e não vão na intenção de arrumar qualquer tipo de problema, briga etc. Malunguinho estará recebendo suas oferendas juntos com as demais entidades e divindades. Cuidado...

Os fotógrafos profissionais que forem ao evento, assim como os que irão filmar, avisamos que todo material feito/captado no local deve ser repassado posteriormente (semana seguinte) em alta qualidade ao Quilombo Cultural Malunguinho, nas mãos de seus coordenadores. Não permitiremos fotografar sem esta condição.

No local haverá comida e bebida a vontade para vender. A comunidade da Mata do Engenho Pitanga II é nossa parceira e colocam bastante comida variada e de qualidade à venda. Portanto, não se preocupar com comida.

HAVERÁ AMBULÂNCIA (UTI MÓVEL) NO LOCAL E SEGURANÇAS.

HAVERÃO BANHEIROS QUÍMICOS PARA TODOS E TODAS.

HAVERÁ TRADUÇÃO EM LIBRAS PARA OS SURDOS E BANHEIROS QUÍMICOS PARA DEFICIENTES E IDOSOS.

As pessoas podem levar suas faixas e homenagens à Jurema e ao encontro sem nenhuma restrição.

É PROIBIDO USAR DORGAS OU FICAR BÊBADO NO EVENTO!

Sobô Nirê Mafá Reis Malunguinho!!
Trunfa Riá!!!

Contatos:

81. 98887-1496 (Oi) / 99525-7119 (Tim) / 99428-7898 (Vivo) / 99955-9951 (Tim)

  
Coordenação Geral: Alexandre L’Omi L’Odò – alexandrelomilodo@gmail.com

Palco e coordenação de produção: Ricardo Nunes – josericardo.nunes@hotmail.com

Equipe de produção: filhos e filhas da Casa das Matas do Reis Malunguinho

Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
quilombo.cultural.malunguinho@gmail.com

quinta-feira, 1 de março de 2018

Fora Michele Collins! Alexandre L'Omi L'Odò faz apelo público em defesa do Povo de Terreiro



Fora Michele Collins! Alexandre L'Omi L'Odò faz apelo público em defesa do Povo de Terreiro

#ForaMicheleCollins!

Vídeo denúncia e de apelo à justiça para que sejam cumpridas as leis contra o racismo e a intolerância religiosa.

Nós, Povo de Terreiro, fomos profundamente violentados pela vereadora do Recife, Michele Collins, que em um ato coletivo de racismo, realizou um ato, dia 3 de fevereiro, na beira mar, para "quebrar a maldição de Iemanjá sobre a Terra". Este crime, ficou explícito e público a partir de uma publicação em seu facebook, onde orgulhosamente ela para mostrar sua maligna ousadia, perante os adeptos da fé intolerante, violenta e desrespeitosa, escreveu e publicou uma fotografia deste ato.

Nós, do Quilombo Cultural Malunguinho, hermanados com todos os movimentos de luta do Povo de Terreiro e dos direitos humanos, dizemos publicamente #ForacheleCollins

Esse crime não pode ficar impune! Queremos a criminalização pela lei destes atos de racismo, intolerância religiosa e incitação ao ódio e à xenofobia.
Não queremos as desculpas dela! Ela retirou a postagem do ar e em matérias de jornal falou que escreveu de forma equivocada... MENTIRA! Sabemos que todos os dias dentro das quatro paredes das "igrejas evangélicas", é ensinado o ódio e a intolerância religiosa. O desrespeito ao próximo... Isso tudo a partir de interpretações equivocadas do livro sagrado dos cristãos - a bíblia.

Rogo à Iyemojá, à Oxalá e à Xangô, que a justiça seja feita. Um crime público e de tão grande repercussão não pode passar impune de forma alguma! Se a Justiça permitir a impunidade, estará nos condenando à todas e todos, que fomos vítimas, e abrindo o precedente para conflitos religiosos onde a violência será protagonista.

Ajudem a COMPARTILHAR esse apelo!

Axé! Agô Kolofé!

Vídeo produzido pela Aláfia Filmes - Instituição de luta pelos povos tradicionais.

Alexandre L'Omi L'Odò
Coordenador Geral do Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Juremologia para todas e todos - disponibilizada para baixar a dissertação de mestrado do juremeiro Alexandre L'Omi L'Odò

Alexandre L'Omi L'Odò demonstra o documento de aprovação no mestrado em ciências da religião na UNICAP, após sua defesa pública da dissertação Juremologia: uma busca etnográfica para sistematização de princípios da cosmovisão da Jurema Sagrada. Foto de Joannah Flor.


Juremologia para todas e todos
Disponibilizada para baixar a dissertação de mestrado do juremeiro Alexandre L'Omi L'Odò

Disponibilizo com muito amor e afeto o texto final e definitivo de minha dissertação de mestrado para todas e todos. Se interessados ou interessadas, é só baixar o arquivo em PDF no link, ao final deste texto.

Como conclusão derradeira, fechando meu ciclo de mestre na academia, no curso de Ciências da Religião da UNICAP, entrego à sociedade, o texto que me custou alguns anos de luta e muita dedicação para ser finalizado (ou quase finalizado, já que uma pesquisa deste vulto não se termina). Essa é uma prestação de contas, onde, por ter sido bolsista da CAPES (no governo de Dilma - PT), pude estudar e transcender meu universo de “menino da favela”, e virar intelectual nos termos da norma oficial da academia. Para mim já não é mais suficiente apenas ser um intelectual orgânico, como define Gramsci, em seus históricos escritos. Quero ser um catimbozeiro doutor, e assim continuarei essa luta até ser doutor de fato e de direito, pois se tem alguém que pode falar por nós, esse alguém somos nós, e não abro mão de conquistar esse direito com total dignidade e luta!

Ser intelectual e juremeiro é uma novidade em nossa sociedade. Mesmo com mais de 5017 anos de colonização, fui o primeiro juremeiro a defender um estudo na academia, que em 4 capítulos, sistematizou tudo de relevante que foi escrito e estudado sobre a Jurema, em um recorte histórico de 277 anos (1741 a 2017). Para além da profundidade historiográfica do texto, temos uma etnografia densa (GEERTZ), que trouxe a fala qualificada de diversos juremeiros e juremeiras de renome em Recife e Região Metropolitana, revelando para o mundo letrado uma cosmovisão ampla do que seria essa religião para as pessoas que a vivenciam, defendem e praticam com veemente fé e resistência.

Longe de ser uma cartinha de quase 300 páginas, de não academicidade, ou de movimento social (risco eminente que não me atingiu), meu texto foi elogiado pela banca examinadora com excelência, e pude com orgulho, responder com suficiência todas as argüições feitas no momento da qualificação e da defesa pública. Portanto, após tantas etapas complicadas e complexas, hoje posso me dizer satisfeito com o que escrevi, mesmo sabendo que poderia escrever mais... Aliás, continuo escrevendo mais, e lançarei em breve dois livros, que são resultado desta pesquisa.

Ter lançado o inédito termo JUREMOLOGIA no campo da pesquisa acadêmica, foi outra ousadia intelectual minha. Fundamentar este neologismo, e, defendê-lo, também me custou muito exercício de pesquisa e escrita. Contudo, aí está, firme e forte, pronto para ser usado por quem desejar. Também, devem questioná-lo, afinal, no campo acadêmico, tudo pode ser ampliado ou questionado, coisas que me dão muito entusiasmo e prazer, pois sou sim um homem que gosta de lutar a partir do campo intelectual (também). Usem, ampliem a pesquisa, adentrem este universo, pois, tudo que fiz, foi no intuito de contribuir para que mais e mais pessoas de terreiro possam acreditar que é possível sim, se formar e ocupar esse lugar privilegiado, que pertence à apenas 5% da população brasileira.

Essa dissertação, nasceu de meu sonho de mudar meu próprio mundo. O mundo da exclusão e da não sapiência daquilo que eu praticava. Da mesma forma que estudei autonomamente a língua yorùbá, e hoje dou aulas e traduzo toadas, me dediquei aos estudos da Jurema para compreendê-la mais e poder contribuir em seu avanço na sociedade como religião, sempre em uma perspectiva decolonial. Esses meus estudos tem mais de 15 anos, onde durante este tempo, pude colecionar textos e documentos importantes que me viabilizaram dar concretude a esta pesquisa.

Ser um sacerdote e intelectual é possível sim. Uma coisa não modifica a outra, e juntas, se fortalecem. Sou amante da tradição e profundo defensor da oralidade. Porém, sem ocuparmos a política e os espaços da intelectualidade, não estaremos fazendo grande coisa para o avanço de nosso povo. Temos que acordar o quanto antes! Ocidentalizar-se para desocidentalizar, é uma perspectiva de luta epistemologicamente pensada por mim e por tantos outros e outras para nos libertar das algemas do assombroso passado da escravidão e do holocausto indígena e suas heranças racistas. A Jurema que acredito, é a Jurema que quer se libertar das amarras do colonizador branco e cristão. Mesmo respeitando as tradições e tendo afeto por elas, como cientista e como sacerdote, me proponho, a estar na linha de frente da batalha, para podermos dar largos passos na conquista dos espaços desta sociedade, que também são nossos.

Não adianta apenas usar as redes sociais para promover informação sobre a Jurema, que é essencialmente uma religião de tradição oral. Temos que fazer coisas efetivas e amplas. É possível sim, firmar realizações efetivas como este texto/pesquisa e unir as ações virtuais (imateriais) com as ações práticas e concretas em outros campos. Este pode ser um caminho fértil para nos ajudar a avançar mais e mais, com força e inteireza.  Assim, poderemos olhar para trás e nos orgulharmos de tudo que nos dedicamos, pois palavras voam no ar, o que se registra, nem o vento branco do colonizador leva (parafraseando Mãe Stella de Oxóssi, uma das entrevistadas na dissertação).

Bom, espero que quem ler, possa me devolver uma crítica, uma fala, um comentário, uma ou várias discordâncias, etc. Preciso dialogar mais e mais com meus irmãos e irmãs por que essa pesquisa continua e se amplia...

Chega mais e COMPARTILHA, para que mais pessoas possam ter acesso. Muita gente me solicitou, agora ta aí, prontinha e toda disponível para ser degustada. J

Agradeço a todas e todos que me ajudaram a vencer cada etapa desta luta. Não foi fácil, mas ao final, o gosto e o empoderamento, da realização e da vitória, pagaram tudo.

A benção aos meus mentores: Reis Malunguinho, Major do Dia, Sr. Manso, Mestra Paulina, Caboclo Arranca Toco, Zé Pilintra, etc. Vocês são minha família indissolúvel. A benção Dona Leide de Sibamba, minha madrinha de Jurema. Adupé Oxum, iyá mi! Adupé Bàbá mi Ifátòògùn Paulo Braz Felipe da Costa, meu santo babalorixá e obrigado à minha digníssima iyalorixá Mãe Lu Omitogun, rainha oceânica de minha vida na religião nagô/jeje.

Tenho muito a quem agradecer, e com certeza nas páginas da dissertação estão os nomes de todas e todos que de um forma ou de outra contribuíram para que este texto existisse, disponível e livre para quem desejar se aprofundar na ciência mestra da jurema e sua história. “Tudo isso, é apenas uma gota no oceano”!

Sobô Nirê Mafá!
Trunfa Riá!
Saramunanga Cipopá!
A Jurema Merece Respeito!

Esta dissertação foi feita para “desfazer as coisas dos brancos” (Davi Kopenawa)!

Baixe a dissertação de mestrado Juremologia: uma busca etnográfica para sistematização de princípios da cosmovisão da Jurema Sagrada, no link abaixo:


Alexandre L’Omi L’Odò
Juremeiro, Historiador e Cientista das Religiões
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

sábado, 13 de janeiro de 2018

Casa das Matas do Reis Malunguinho foi fundada em Olinda

Alexandre L'Omi L'Odò, sacerdote juremeiro, regendo a primeira gira da Casa das Matas do Reis Malunguinho. Foto de Joanah Flor.

Casa das Matas do Reis Malunguinho foi fundada em Olinda

Enfim, fundamos nosso Terreiro de Jurema!

Enfim, a Casa das Matas do Reis Malunguinho foi aberta ao público. Este terreiro já existia em sua essência e força há muitos anos... Em minha casa em Peixinhos, onde já atendia muita gente com a ciência mestra da Jurema e com as cartas ciganas que “trabalho” desde os meus 7 anos de idade.

No último dia 06 de Janeiro de 2018, que no calendário cristão é dia de Reis, ou dia dos Três Reis Magos – Belchior, Baltasar e Gaspar, o nosso terreiro, celebrou o dia da abertura religiosa do calendário anula do Povo da Jurema e a fundação da Casa em novo endereço. Distante de realizar qualquer culto aos Reis Magos, a casa celebrou o Reis Malunguinho, divindade que é responsável pela chave que abre e fecha os portões sagrados das cidades da Jurema e que também defende todas as porteiras dos terreiros que praticam essa religião de matriz indígena do Nordeste do Brasil. Também, essa divindade, foi em vida, ou foram em vida (já que existiram vários os Malunguinhos), um (uns) herói negro/indígena na luta pela liberdade do povo negro no Quilombo do Catucá, na primeira metade do Século XIX.

Esse Preto, espírito de luz, forte e protetor, teve em sua homenagem, uma linda celebração que contou com participação de meus afilhados e afilhadas, amigos, parentes, artistas da cultura negra etc. que foram em nossa casa para vivenciar este momento único na minha história sacerdotal e na luta pelo fortalecimento de nossa religião.

Estou muito grato pela glória de fundar uma casa (seu último endereço ainda será na Mata Sagrada do Catucá, em Abreu e Lima [no futuro]), no Sítio Histórico de Olinda. Agora somos três templos de culto à ancestralidade negra e indígena no espaço das elites de Pernambuco. O histórico terreiro Palácio de Iemanjá, a tradicional e resiliente Casa do Caboclo Jupirací de Dona Maria José na Rua da Palha, e agora a Casa das Matas do Reis Malunguinho, formam um conjunto representativo da fé de nosso povo dentro do círculo patrimonial de Olinda. Este detalhe é importante!

Agradeço a todos e todas, meus afilhados e afilhadas, que com profunda dedicação e amor, fé e cumplicidade, me ajudaram a dar conta de tantos afazeres para preparar a simples festa que demos ao público.

Cada momento das obrigações, da entrega das oferendas, da feitura das comidas, da preparação da decoração da casa, da luta para servir da melhor forma os convidados e convidadas, etc. tudo foi de muita luz, paz, equilíbrio e alegria. Esse é o objetivo de nosso terreiro, acolher, dar paz e trazer boas energias a partir da fumaça sagrada das entidades e divindades, para confortar quem precisar e quem nos procurar.

Tenho que fazer aqui um agradecimento especial ao próprio Reis Malunguinho, patrono da casa, que com muita atenção, tem nos aberto os caminhos e nos trazido todos os recados positivos que precisamos e merecemos. Esse velho, que por horas é grosso, exigente, temperamental, é de um amor imenso pela missão que ele mantém na Terra, a da libertação de seu povo...

Eu, como discípulo da Jurema, um jovem juremeiro (mas dedicado e perseverante), entreguei há muitos anos minha vida a espiritualidade negra e indígena. Manterei-me atento a força branca do Racismo. Eles não passarão! Nossa casa é uma casa para se empretecer e se indigenecer. Um local para cura, para a busca do equilíbrio espiritual, para a preservação das tradições, para a troca de saberes, cursos, maracatu, coco, forró, bacamarte, para receber pessoas de todo país que queriam pesquisar e conversar, e, para a busca de boas energias que nos ajudem a enraizarmo-nos em nossa ancestralidade.

A Casa está aberta. Venham me visitar. Consultas também podem ser feitas... Chega junto. A casa é nossa!

Em breve divulgaremos nosso calendário anual de reuniões e de festas. Aguardem. Também, divulgaremos o calendário dos cursos de língua, história e cultura yorùbá e kimbundo, aluas de percussão, aulas de juremologia e de orientação de pesquisas no campo afro indígena. Ainda, convidamos todas e todos para participar dos ensaios do Maracatu Nação do Reis Malunguinho, que após o carnaval irá iniciar seus ensaios.

Sobô Nirê Mafá!
Trunfa Riá!
Saramunanga Cipopá!
A Jurema Merece Respeito!

Casa das Matas do Reis Malunguinho
Endereço: Rua São João, n° 340. Largo do Amparo. Sítio Histórico de Olinda – PE. | Fone: 81 99525-7119 | 81 98887-1496

Foto de Joanah Flor (como não poderia ser diferente).
Mais imagens na próxima postagem com todas as fotos de Joanah e Céu Mendonça.

Alexandre L’Omi L’Odò
Sacerdote Juremeiro da Casa das Matas do Reis Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com