Mesmo diante de tanta chuva, mais uma vez a semana vira “santa”, observa-se da mais simples e imperceptível a mais extravagante experiência de fé. Tem casa que se é proibido ligar o aparelho de som (mesmo baixo), pregar pregos na parede, usar roupas coloridas e falar em voz alta, o jejum de carne começou desde a quarta feira ingrata, principalmente as sextas-feiras, mais o ápice da semana começou com a procissão dos Ramos no domingo passado, a tradição já não resiste as inovações do século XXI, daí as ritualísticas recomeçam nesta quinta com a Missa dos santos óleos na Catedral da Sé em Olinda na qual os Sacerdotes renovam suas ligações místicas, religiosas e principalmente de Fé com a Igreja Católica, uma bela celebração, pela tarde tem a festejada celebração da instituição da Eucaristia é o ponto mais alto de todos os rituais da Igreja. Na noite de quinta pra sexta se remonta a prisão de Jesus e pela tarde de Sexta o grande mistério da Morte de Jesus é dramatizado pela Via Sacra, um momento de grande reflexão, as badaladas dos sinos dão lugar as pancadas da matraca até que no sábado por volta da meia noite, dentro da tradição, se tem a vigília Pascal outro grande momento, onde o fogo e a água se revelam na mística religiosa católica e enfim Domingo de Páscoa, celebração da Ressurreição.
Na verdade todo esse panorama vem sendo construído ao longo destes quase 2.000 anos, e mesmo com as deficiências arqueológicas, historiográficas e históricas em torno de Jesus, ele e sua Mãe Maria se tornaram referencial de fé, mesmo diante das experiências mais antagônicas possíveis, como é o caso das Religiões de Matriz Africana, Afro brasileira e Indígenas. Diante da marginalização estas Religiões Negras e Indígenas incorporaram em suas ritualísticas momentos de reverenciação à Semana Santa, O Candomblé ou Xangô pernambucano encerra, na sexta feira anterior, cobre-se todos os Igbás (assentamentos sagrados) dos Orixás com um pano branco e oferta comida seca e seca as quartinhas, no sábado de aleluia se enche as quartinhas novamente e pacientemente, em alguns Terreiros como a exemplo da Casa Xambá em Olinda, existe uma liturgia peculiar chamado “ritual das bolsas” realizada na semana anterior, um grande e poderoso ebó do Xambá e todos se resguardam do Orixá até no sábado de Aleluia, quando pela manhã é realizado um toque chamando os Orixás.
No caso da Jurema Sagrada, em muitas Casas o quarto dedicado a esse culto permanece fechado durante todo tempo “santo” e cobre-se os príncipes e as cidades da Jurema (taças e copos de vidro ou cristal) com “matapulão”, um tipo de filó e no domingo de Páscoa se dava um Toré para os Caboclos da Jurema.
Alguns rituais, heranças dos cultos pagãos europeus encontrão na sexta feira “santa” o momento especial para a realização de feitiços, na noite da quinta pra sexta é o dia certo para fazer encantarias.
Além de tudo os brincantes de Clube de Frevo, Blocos e troças carnavalescas viam no sábado de aleluia mais um momento para festejar, como no caso do Clube Carnavalesco Mixto Lavadeiras de Areias que até pouco tempo desfilava pelas ruas do bairro neste dia após “encontrar à Aleluia”.
Tudo isso é simbiose cultural, provocada pela repressão a estas Religiões brasileiras, portanto, seria uma prova de respeito ao cristianismo esses rituais dentro dos Terreiros? Ao contrário dos cristãos nunca tiveram respeito as religiões de Matriz Africana e Indígena, contudo a áurea mística da Semana “Santa” perde a cada ano seu tom religioso, histórico e cultural judaico-cristão, além de teológico pois hoje já temos centenas de Terreiros e Casas de Xangô que se aperceberam de sua identidade Histórica, Cultural e acima de tudo Teológica, chegaremos lá.
Informar e formar é preciso sempre e com qualidade!
João Monteiro – Omo Obá Aduban
Coordenação do QCMNa verdade todo esse panorama vem sendo construído ao longo destes quase 2.000 anos, e mesmo com as deficiências arqueológicas, historiográficas e históricas em torno de Jesus, ele e sua Mãe Maria se tornaram referencial de fé, mesmo diante das experiências mais antagônicas possíveis, como é o caso das Religiões de Matriz Africana, Afro brasileira e Indígenas. Diante da marginalização estas Religiões Negras e Indígenas incorporaram em suas ritualísticas momentos de reverenciação à Semana Santa, O Candomblé ou Xangô pernambucano encerra, na sexta feira anterior, cobre-se todos os Igbás (assentamentos sagrados) dos Orixás com um pano branco e oferta comida seca e seca as quartinhas, no sábado de aleluia se enche as quartinhas novamente e pacientemente, em alguns Terreiros como a exemplo da Casa Xambá em Olinda, existe uma liturgia peculiar chamado “ritual das bolsas” realizada na semana anterior, um grande e poderoso ebó do Xambá e todos se resguardam do Orixá até no sábado de Aleluia, quando pela manhã é realizado um toque chamando os Orixás.
No caso da Jurema Sagrada, em muitas Casas o quarto dedicado a esse culto permanece fechado durante todo tempo “santo” e cobre-se os príncipes e as cidades da Jurema (taças e copos de vidro ou cristal) com “matapulão”, um tipo de filó e no domingo de Páscoa se dava um Toré para os Caboclos da Jurema.
Alguns rituais, heranças dos cultos pagãos europeus encontrão na sexta feira “santa” o momento especial para a realização de feitiços, na noite da quinta pra sexta é o dia certo para fazer encantarias.
Além de tudo os brincantes de Clube de Frevo, Blocos e troças carnavalescas viam no sábado de aleluia mais um momento para festejar, como no caso do Clube Carnavalesco Mixto Lavadeiras de Areias que até pouco tempo desfilava pelas ruas do bairro neste dia após “encontrar à Aleluia”.
Tudo isso é simbiose cultural, provocada pela repressão a estas Religiões brasileiras, portanto, seria uma prova de respeito ao cristianismo esses rituais dentro dos Terreiros? Ao contrário dos cristãos nunca tiveram respeito as religiões de Matriz Africana e Indígena, contudo a áurea mística da Semana “Santa” perde a cada ano seu tom religioso, histórico e cultural judaico-cristão, além de teológico pois hoje já temos centenas de Terreiros e Casas de Xangô que se aperceberam de sua identidade Histórica, Cultural e acima de tudo Teológica, chegaremos lá.
Informar e formar é preciso sempre e com qualidade!
João Monteiro – Omo Obá Aduban
Historiador, Especialista em Preservação de Acervos Gráficos
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