domingo, 4 de outubro de 2020

Lançamento do filme: Mãe Terezinha Bulhões - um mar de amor no coração do Recife

 

Mãe Terezinha Bulhões – um mar de amor no coração do Recife

Lançamento do documentário em homenagem a Mãe Terezinha Bulhões, promovido pelo Quilombo Cultural Malunguinho em parceria com a Angola Filmes, inaugura o projeto Mourão que não bambeia de registro e preservação da memória e patrimônio cultural do povo de terreiro em Pernambuco.

Existe um mar de amor, caridade, verdade e fé no coração do Recife pulsando há 90 anos. Espalhando acolhimento e muito axé, Mãe Terezinha Bulhões é uma das juremeiras e iyalorixás mais antigas do Estado. Viva e ativa em seus trabalhos espirituais e sociais, com incontáveis filhos e filhas na religião, ela é uma referência importante da tradição de matriz africana e indígena no Brasil. Herdeira e continuadora das insígnias sagradas do candomblé e da Jurema Sagrada, Terezinha é um verdadeiro patrimônio vivo dos povos tradicionais de terreiro, tendo prestado assistência a toda sua comunidade ao longo de sua trajetória.

Como homenagem à sua caminhada e fundamental contribuição à nossa religião, Alexandre L’Omi L’Odò assume o papel de diretor e roteirista de um filme (média metragem) que registra a memória e história dessa grande liderança religiosa de nosso tempo, que não havia recebido nenhum registro oficial e documental sistematizado de sua existência, até então. Com produção audiovisual da Angola Filmes e realização do Quilombo Cultural Malunguinho e a Casa das Matas do Reis Malunguinho, o projeto Mourão que não bambeia tem como objetivo registrar e salvaguardar a memória, história oral e tradicional do povo de terreiro de PE, através de pesquisa, registro documental e audiovisual. A iniciativa faz nascer seu primeiro trabalho de memória oral dos grandes sacerdotes e sacerdotisas da religião de terreiro em Pernambuco.

A missão desse filme é eternizar a memória de Mãe Terezinha Bulhões, trazendo a iyalorixá como protagonista de sua própria história, mostrando à toda sociedade que ela existe e merece respeito. O projeto desfaz o apagamento da memória ancestral, afinal sabemos que existe uma lacuna imensa a ser preenchida sobre a história de nossa religião. Quase não há registros qualificados dos mais velhos dos terreiros e quando esses e essas morrem, toda sua trajetória se apaga no mar do esquecimento do racismo estrutural que nos assola socialmente.

Assim, o objetivo do projeto é barrar esse processo, abrindo espaço e escutando a voz de pessoas como Mãe Terezinha e tantas outras que merecem ser reconhecidas ainda em vida pela sua importante contribuição na história e desenvolvimento da sociedade como um todo.

Atenciosa, carinhosa e muito acessível, mesmo na altura dos seus 89 anos, ela dá atenção e ouve cada filho e filha. Realiza anualmente todos os ciclos festivos da religião e adora dançar um coco. Essa é a filha dileta de Iyemojá Sessú, uma mulher guerreira que tem muito amor para dar, mesmo tendo sofrido tanto em sua infância.

No coração do Recife tem um mar, um oceano de amor sim. Lá na Vila das Lavadeiras (Rua Palmares, nº 56, Areias) mora a felicidade e a resistência negro-indígena dos povos tradicionais de terreiro e toda sua história que forma a identidade deste país que precisa se encontrar consigo próprio para se reconhecer e prosperar. 

O filme será lançado no dia de seu aniversário, 07 de outubro de 2020, com apresentação de maracatu e coco, exibição do filme para toda comunidade e celebração coletiva com parabéns. Será um momento ímpar que devemos vivenciar.

Serviço

Lançamento do documentário e aniversário de 90 anos de Mãe Terezinha Bulhões

Data: 07 de Outubro de 2020

Horário: 19h

Local: Praça da Vila das Lavadeiras, Areias/Recife

Evento gratuito e aberto

Tomar todos os cuidados sanitários de saúde

Só poderão estar no lançamento quem estiver usando máscaras, álcool em gel e cuidando do distanciamento social.

É indicado a participação de 100 pessoas como orienta os órgãos superiores. Haverá contagem.

Contato:

81 99525-7119

www.qcmalunguinho.blogspot.com 

Alexandre L'Omi L'Odò

Quilombo Cultural Malunguinho 

alexandrelomilodo@gmail.com

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Seminário Malunguinho 185 anos vivo na alma de um povo

Seminário Malunguinho 185 anos vivo na alma de um povo

Um herói negríndio há 185 anos foi morto violentamente nas terras da antiga Maricota, hoje Abreu e Lima/PE. Foi comunicada e registrada sua morte em 18 de Setembro de 1835. Seu nome era João Batista, último líder do Quilombo do Catucá, conhecido como um dos malunguinhos, herói do povo negro e indígena de Pernambuco.

A luta e valor desses guerreiros que morreram por nós foi tão grande que seu povo os reconheceram e os imortalizaram na Jurema Sagrada como divindades, os Reis da Jurema, os Reis da Mata, os Reis Malunguinho, chefes mitológicos dos portões sagrados desta religião de matriz indígena do Nordeste do Brasil.

Malunguinho são muitos em um só, Ele, ou eles, são os únicos líderes quilombolas da história do país a terem sido deificados, certificando assim sua importância histórica na luta por liberdade dos negros(as) e indígenas na Mata Norte de Pernambuco, na primeira metade do século XIX.

Exú/trunqueiro, Caboclo, Mestre e Reis, classificações únicas desta força tão pungente que por mais de 40 anos lutaram no Catucá por liberdade, direitos iguais, reforma agrária e hoje continuam a luta do quilombo dentro de cada terreiro de Jurema Sagrada de Pernambuco.

No passar dos últimos 185 anos, assistimos a falsa “abolição da escravatura”, a luta por cidadania dos negros(as) e indígenas neste país. Vimos os movimentos negros crescerem e as lutas indígenas ocuparem gradativamente o cenário político. Assistimos o STF aprovar por unanimidade a legalidade das cotas raciais, e, antes deste fato, vivenciamos a efetivação das cotas para negros(as) e indígenas nas universidades. Vimos ainda o povo de terreiro de todo Brasil se levantar e partir para a luta por espaço político, se organizando em conferências nacionais de promoção da igualdade racial, cultura e direitos humanos entre outras. Muitos fatos de reversão histórica da posição desprivilegiada da população negra e indígena ainda estão em lento processo de consolidação, e Malunguinho, em seu cosmos, vivo na alma do povo do Catimbó, ajudou e ainda ajuda estas populações a sobreviverem a todas violações de direitos humanos, racismo e intolerância religiosa que nossa sociedade proporciona abertamente.

Nestes 185 anos, desde a morte de João Batista, último Malunguinho, o acolhimento, a defesa e a força de sua história ainda nos inspira a celebrá-lo pelos seus feitos que permeiam nossos cotidianos.

Nos últimos 19 anos o QCM – Quilombo Cultural Malunguinho, inspirado pela pesquisa do professor PhD Marcus Carvalho e pelo sonho do extermínio do racismo, resolveu trazer à tona a figura de Malunguinho como forma de revelar heróis negros e indígenas do Brasil. Estratégia de luta e resistência para o fortalecimento da auto-estima das populações negras e indígenas e povos tradicionais de terreiro, que sofrem sem grandes referenciais heroicas históricas. O QCM, que realiza diversas atividades entorno destes temas, mais uma vez celebra a memória de Malunguinho como nosso herói negro/indígena pernambucano, e também nosso patrono espiritual.

Em parceria com o Professor Dr. Marcus Carvalho (UFPE),  realizaremos o Seminário “Malunguinho – 185 anos vivo na alma de um povo”, em sua segunda edição quinquenal (evento que acontece de cinco em cinco anos para demarcar a importância histórica de Malunguinho e sua continuidade), com o objetivo de congregar os saberes acadêmicos sobre a história dos quilombos e resistências negras/indígenas em Pernambuco, com a tradição oral, a discussão sobre direitos humanos e racismo religioso, meio ambiente, história e os saberes tradicionais do povo de terreiro.

Esta atividade acontece fortalecida pela lei 13.298/07 (revogada pela lei estadual 16.241/17) da Semana da Vivência e Prática da Cultura Afro Pernambucana, a Lei Malunguinho, e suas demais leis municipais de mesmo teor e nome: 2.285/09 (de São Lourenço da Mata); 5591/2017 (de Olinda) e a 18.562/19 (de Recife).

Em ano de pandemia, devido COVID-19 não poderemos fazer nosso encontro presencial para garantir nossa segurança e saúde. Faremos uma live especial para todas e todos com informações qualificadíssimas acerca de Malunguinho, sua história e mito.

Sobô Nirê Mafá! Malunguinho Vive e Resiste!


Serviço:

Seminário Malunguinho – 185 anos vivo na alma de um povo

Dia 18 de Setembro de 2020

Horário: 19 às 21h

Palestra Magna: Prof. Dr. Historiador Marcus Carvalho, titular de história da UFPE e especialista no Catucá e Malunguinho.

Sessão virtual no canal de YouTube: https://www.youtube.com/c/AlexandreLOmiLOdò

Será dado certificado:

Enviar Nome completo, RG, E-mail e telefone para o WhatsApp: 81 99738-2278

*Só será dado certificado para pessoas que participarem efetivamente da Live colocando comentários do início ao fim do evento, sendo conferido ao final por nossa equipe.


Informações gerais em: www.qcmalunguinho.blogspot.com e www.alexandrelomilodo.blogspot.com


Nos sigam no instagram: @quilomboculturalmalunguinho | @alexandrelomilodo | @kipupa_malunuginho | @cmdoreismalunguinho


Alexandre L’Omi L’Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
Coordenação geral
alexandrelomilodo@gmail.com 

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Juremeiros no combate ao COVID-19



Juremeiros no combate ao COVID-19

O juremeiro Alexandre L’Omi L’Odò manda mensagem de apoio à todas e todos orientando sobre questões ligadas ao combate ao COVID-19 e à quarentena, que está sendo bem difícil e solitária para muitas pessoas. 

Com os terreiros fechados, seguindo as indicações de segurança da OAS e outras instituições dos governos, muitas pessoas estão com dificuldades em obter caminhos espirituais e fazerem seus rituais de fé, sendo essa uma grande dificuldade para auxiliar na superação deste momento de tantas incertezas e lutos.

L’Omi orienta para que haja maior cuidado com nossos idosos das religiões de matrizes matrizes africanas e indígenas, que são nossas bibliotecas vivas, nossos maiores patrimônios, e também com nossas crianças, os/as herdeirinhxs de nossa beleza ancestral, que continuarão nossas tradições e lutas. 

Alerta para que ninguém ouça o “presidente”, salientando a necessidade de criarmos a consciência política de que o método neoliberal, sanguinário e racista almejado pelo governo mata aqueles que mais precisam de auxílio, os que se encontram nas camadas mais baixas da pirâmide social. Como para eles o lucro dos empresários vale mais que a vida, não podemos cair nesse discurso de sacrificar trabalhadores em prol da economia, fiquemos todas e todos em casa para o bem da humanidade. 

O sacerdote roga que possamos emanar nossas melhores energias positivas para os cientistas, profissionais da área de saúde e demais trabalhadorxs que estão fora de casa pelo bem maior, neste momento assumem papel de grandes heróis e heroínas perante tamanha pandemia mortal.

Esse vídeo é uma oração, um pedido de paciência e uma forma de dar apoio à quem precisar. Sabemos que os dias tem sido confusos e frustrantes, contudo temos certeza que logo passará toda essa fase e celebraremos juntxs a vitória frente à este mal da saúde pública. 

Compartilhem, levem essa mensagem ao máximo de pessoas possíveis. O povo de terreiro que sempre foi conhecido como o mais acolhedor, hoje usa as redes sociais para reverberar todo amor contido dentro de suas casas. 

Essa é a mensagem da Casa das Matas do Reis Malunguinho, esta é nossa fala. Que ecoe em todo planeta, para que façamos a cada momento um mundo sem males para nossa cura e paz coletiva. 

Sobô Nirê Mafá!
Saúde e vamos superar juntxs o Corona Vírus!!

Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com