180 vivo
na alma de um povo
Um
herói negro há 180 anos atrás foi morto violentamente nas terras da antiga
Maricota, hoje Abreu e Lima/PE. Foi comunicada e registrada sua morte em 18 de
Setembro de 1835. Seu nome era João Batista, último líder do Quilombo do
Catucá, conhecido como Malunguinho, herói do povo negro e indígena de
Pernambuco.
Sua
força, luta e valor foram tão grandes que seu povo o reconheceu, e o
imortalizou na Jurema Sagrada como divindade, o Reis da Jurema, o Reis da Mata,
o Reis Malunguinho, chefe mitológico dos portões sagrados desta religião de
matriz indígena do Nordeste do Brasil. Ele é o único líder quilombola da
história do país a ter sido deificado, certificando assim sua importância
histórica na luta por liberdade dos negros(as) e indígenas na Mata Norte de
Pernambuco, na primeira metade do século XIX.
Exú/trunqueiro,
Caboclo, Mestre e Reis. Malunguinho não foi apenas um, mas sim vários líderes
que por mais de 40 anos lutaram no Catucá por liberdade, direitos iguais e
reforma agrária.
No
passar de 180 anos, se assistiu a falsa “abolição da escravatura”, a luta por
cidadania dos negros(as) e indígenas neste país. Vimos os movimentos negros
crescerem e as lutas indígenas ocuparem gradativamente o cenário político.
Assistimos o STF aprovar por unanimidade a legalidade das cotas raciais, e,
antes deste fato, vivenciamos a efetivação dascotas para negros(as) e indígenas
nas universidades... Também vimos o povo de terreiro de todo Brasil se levantar
e partir para a luta por espaço político, se organizando em conferências
nacionais de promoção de igualdade racial, cultura e direitos humanos entre
outras. Muitos fatos de reversão histórica da posição desprivilegiada da
população negra e indígena ainda estão em lento processo de consolidação, e
Malunguinho, em seu cosmos, vivo na alma do Povo da Jurema, ajudou, e ainda
ajuda estas populações a sobreviverem a todas violações de direitos humanos,
racismo e intolerância religiosa que nossa sociedade ainda proporciona
abertamente. Nestes 180 anos, desde a morte de João Batista, o acolhimento, a
defesa e a força de sua história ainda nos inspira a celebrá-lo pelos seus
feitos que permeiam nossos cotidianos.
Nos
últimos 11 anos o QCM – Quilombo Cultural Malunguinho, inspirado pela pesquisa
do professor PhD Marcus Carvalho e, pelo sonho do extermínio do racismo, resolveu
trazer a tona a figura de Malunguinho como forma de revelar heróis negros e
indígenas do Brasil. Estratégia de luta e resistência para o fortalecimento da auto-estima
das populações negras e indígenas e povos tradicionais de terreiro, que sofrem sem
grandes referenciais heróicas. O QCM, que realiza diversas atividades entorno
destes temas, mais uma vez celebra a memória de Malunguinho como nosso herói
negro/indígena pernambucano, e também nosso patrono espiritual.
Em
parceria com o Professor Dr. Marcus Carvalho - UFPE e a FUNDAJ – Fundação Joaquim
Nabuco, realizam o Seminário “Malunguinho – 180 anos vivo na alma de um povo”, com
o objetivo de congregar os saberes acadêmicos sobre a história dos quilombos e
resistência negra/indígena em Pernambuco, a discussão sobre direitos humanos e
intolerância religiosa, meio ambiente, história e os saberes tradicionais do
povo de terreiro.
Esta
atividade acontecerá fortalecida pela lei estadual da Semana da Vivência e
Prática da Cultura Afro Pernambucana, a Lei Malunguinho de n°. 12.635/07, fruto
de toda esta luta.
Sobô
Nirê Mafá!
Que
todas as nações e povos sejam bem vindos!
Alexandre L’OmiL’Odò
Coordenação Geral
Seminário
Malunguinho – 180 anos
vivo na alma de um povo
Dia
04 de Setembro de 2015
Horário:
08 às 17h
Local:
FUNDAJ – Fundação Joaquim Nabuco
Av.
17 de Agosto, 2187 – Casa Forte - Auditório Calouste Gulbenkian
150
vagas
Será
dado certificado
Cerimonial
Ricardo de Tertuliano
Secretária:
Maria Betânia de Sibamba – 81 99901-3736 (TIM) / 98810-5925 (Oi)
Programação
- Programação sujeita a alterações
Dia 04/09
De
08 às 09h – Credenciamento no local do evento
09h
– Abertura: Ritual com sacerdotes da Jurema celebrando Malunguinho
09:20h
– Mesa Institucional de Abertura com representantes religiosos, instituições e academia
09h
e 40min – Conferência Magna – Malunguinho - 180 anos vivo da alma de um povo.
Conferencista:
Professor PhD Marcus Carvalho – UFPE
Coordenador
da Mesa: Hildo Leal da Rosa – Arquivo Público Estadual/PE
Expositores:
Quilombo Cultural Malunguinho - Professor Mestrando Alexandre L’Omi L’Odò –
UNICAP e Professor João Monteiro
10h
e 30min – Debate
11h
– Coffe Breack
11:20h
– Mesa redonda: A Jurema como elemento de preservação da história
Palestrante:
Professor Dr. Sandro Guimarães de Salles – UFPE
Coordenador
da Mesa: Professor Dr. Sergio Sezino Douets Vasconcelos - UNICAP
12h
– Debate
12:30h
– Almoço - Rest. Solar do Carrapicho (dentro da FUNDAJ)
14h
– Mesa Redonda – Povos indígenas em Pernambuco: afirmando suas expressões
socioculturais para garantia de direitos
Palestrante:
Professor Dr. Edson Silva - UFPE
Coordenador
da Mesa: Rogério Onofre - Estudante de História - UFPE e indígena do Povo Fulni-ô de Águas Belas/PE.
14:40h
– Debate
15h
– Mesa Redonda – O Povo de Terreiro e a luta por direitos humanos no Brasil –
180 de violações
Palestrante:
Professora Dra. Marga Janete Ströher – Núcleo de Pesquisa de Gênero EST/RS e
RENADIR
Coordenador
da Mesa: Paulo Roberto Xavier de Moraes - Secretário Executivo de Diretos
Humanos da PCR (a confirmar)
15:40h
– Debate
16:15h
– Conferência de Encerramento: Racismo e luta do povo negro no Brasil
Conferencista:
Professor Dr. José Jorge de Carvalho – INCTI/UnB
Debatedora: Professora Dra. Cibele Barbosa da Silva Andrade - FUNDAJ
Coordenador da Mesa: Alexandre L'Omi L'Odò - QCM e Coordenador geral do Seminário.
16:50
– Debate
17h
– Encerramento – Fumaçada dos Senhores Mestres
Instituição que apoiam o evento: Prefeitura de Abreu e Lima, Terreiro de Jurema Casa das Matas do Reis Malunguinho e Ilé Iyemojá Ògúnté.
Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com
Coordenação Geral